Subida à Serra do Cabari

São  Gabriel da Cachoeira,         23 de fevereiro de 2013

Ontem teve festa na FOIRN - Federaçao das Organizações Indígenas do Alto Rio Negro, uma ONG formada pelos indígenas, cuja missão é defender o direito à terra e à sua própria cultura. E nós cheias de vontade de ir a festa, pois ia ser um dia de muito caxiri "cerveja indígena", uma bebida fermentada e alcoólica típica da região. 

Passamos na festa e depois fomos a casa arrumar os preparativos para subir nossa primeira serra no Amazonas, a Serra do Cabari. Foi gostoso preparar as roupas, juntar rede, lona, comidas e todos os detalhes pensados  para o  local e o tempo que poderíamos ter que enfrentar, o que deixa a mente ainda mais conectada com o dia de amanhã.  

Acabamos pegando no sono no embalo do murmurio das flautas.  5 da manhã e um barulho de tempestade Amazônica. "Será que vamos?" Meia hora e a chuva se acalmou, tomamos um café pra despertar e logo já estávamos na voadeira com destino à Comunidade de Boa Cabar.  
Lá nos recepciona um duendezinho da Florestapreparou-se com um terçado, uma espingarda e "remédio pra cobra", era nosso guia. 
Começamos a longa caminhada, linda a mata fechada amazônica, ainda não tinha vivenciado ficar tão longe das aldeias, dentro da mata. Passamos por algumas roças de mandioca e cana. A chuva continuava sem intenção de parar.

Sem mais caminho, era hora de abrir trilha para chegar ao topo.  Bebíamos leite de árvore, um leite suculento que sai do caule. Tem um sabor adocicado e era alimento comum para os antigos indígenas. 

Nosso GUIA conhecia aquela mata e contava sobre as plantas e árvores. Passamos por algumas frutíferas, outras de madeira forte, outras medicinais, até pelo famoso Pau-Brasil.
Subimos um pouco e logo começou uma escalada, entramos num processo de meditação, de atenção no relaxamento, pois os olhos estavam muito atentos com a possibilidade de cobras. A escalada era de descobertas de caminhos e passagens por entre as pedras, cipós e raízes. Todos os elementos daquele espaço eram instrumentos para  nossa subida.

Depois de quase 5 horas subindo, chegamos à grande pedra, mas com aquela chuva se transformou em uma pequena cachoeira
 E, então, depois da adrenalina, o momento gostoso de apreciar o presente. Yoga das montanhas.

Voltamos sentindo o cheiro da mata, apreciando as bromélias verde fosforescentes.  Quando nossos pés viram uma havaiana e nosso corpo viu um banco, era tudo sorriso.

Ao luar da noite que se abria era tudo paz.  


                             Deixando o barco na comunidade e subindo com as mochilas

                                   Nosso guia e o nosso barqueiro

                                     Nosso guia, "seu Jeferson"

                                          Começo das pedras para escalar

     O visual lá de cima, São Gabriel e o Rio Negro lá no fundo em meio as nuvens


                                 Raízes torcidas e erva Sara-cura

                                 Maguinha se segurando nas raízes e absorvendo o visual

RAÌZES

Erva Sara-cura e as grandes raízes no meu fundo

                                  Rápido aparecimento do sol

                                       

                                  Final de tarde visualizando a Serra do Cabari de longe


                                   Lá no fundo a Serra do Cabari